Cooperativas miram a geração de energia solar
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A energia solar fotovoltaica é limpa, renovável e pode reduzir custos dos negócios. Essas vantagens serão abordadas hoje, na Capital, em apresentação que busca impulsionar o uso dessa energia por cooperativas mineiras. A iniciativa é do Sistema Ocemg, formado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), que sediará o evento. “Esse é um assunto que vem sendo tratado amplamente pela sociedade. Estamos incentivando as cooperativas a atuarem também com esse propósito”, disse ontem o presidente do sistema Ocemg, Ronaldo Scucato.
Especialista em energia e mudanças climáticas, José Zloccowick falará a dirigentes de cooperativas, hoje, em Belo Horizonte. “Investindo nessas usinas, o empresário investirá em energia limpa, renovável e se protegerá de futuros aumentos da conta de energia. Os impactos dos gastos de energia na produção serão menores”, resume.
Ele explica que um dos modelos para a implantação de usinas fotovoltaicas prevê a reunião de empresários interessados em reduzir os custos com a energia. Dessa forma, algumas empresas – mesmo de ramos diferentes – estão se unindo em consórcio ou cooperativas para criar uma usina fotovoltaica e gerar energia. Essa usina pode ser construída até mesmo em região distinta à das empresas. Mas a estrutura precisa estar na mesma área de distribuição da concessionária. Em Minas, nesse caso, é a Cemig. “Nessa configuração, há ainda a vantagem do compartilhamento das despesas”, ressalta. Segundo ele, no País já há pelo menos sete grupos atuando dessa forma.
O outro modelo se refere a cooperativas já existentes e que estão mudando seus estatutos para passarem a gerar energia e distribuir entre seus cooperados.
José Zloccowick explica que, desde 2012, a regulação brasileira permite que qualquer pessoa tenha um sistema de geração de energia a partir de fontes renováveis. Os créditos são abatidos na conta. Caso haja excedente não consumido imediatamente, não pode haver a venda, mas pode ser revertido em créditos para uso futuro, no prazo de cinco anos. Para os negócios, a configuração é a mesma.
Segundo ele, após a construção da usina, o prazo médio para o retorno do investimento é de cinco anos, levando-se em conta a economia com a conta de energia. Como exemplo, ele cita o caso hipotético de uma empresa que demande 2.400 kW/h por mês. Nesse caso, o gasto anual com energia é de R$ 12 mil. Investindo cerca de R$ 80 mil, o empresário terá uma usina capaz de atender à sua demanda. Assim, no prazo aproximado de sete anos ele terá o retorno.
Ainda segundo o especialista, a implantação das usinas fotovoltaicas vem ficando mais acessível. Nos últimos cinco anos, segundo ele, o preço da energia no País aumentou 80%, no setor industrial e residencial. Por outro lado, o preço da tecnologia usada nas usinas fotovoltaicas teve queda de 30%.
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Citada constantemente como um dos entraves para os negócios do País, a questão tributária também é um problema no setor. No caso de a produção de energia por fonte renovável ser para consumo privado, há isenção de PIS, Cofins e ICMS. Mas consórcios e cooperativas não contam com tais isenções. Então, no momento de desenvolver o projeto, o empresário tem que se atentar a essa questão e atestar a viabilidade do negócio.
Segundo o especialista, a energia gerada pelas micro e miniusinas no País aumentou 20 vezes entre 2015 e 2018, passando de 13,8 MW instalados para 184,5 MW instalados. Levando-se em conta também a geração das grandes usinas, o total no País chega a 1.300 MW. Como comparação, José Zloccowick cita que, nos Estados Unidos, esse valor é 50 mil MW e, na Alemanha, de 40 mil MW.