Novas ações mostram que DF tem potencial para produção de energia solar
Instalação de painéis na Universidade de Brasília (UnB) e no metrô proporciona economia e vantagens como a redução de gases que provocam o efeito estufa. Falta de políticas públicas e dificuldade no acesso a linhas de financiamento são entraves
O Distrito Federal entrou no período de estiagem, com predominância de sol para os próximos meses. Com tanto tempo de céu aberto, a capital aparece como um dos melhores polos de captação de energia solar do país. No entanto, a inovação ainda não é bem explorada no DF. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a região está na 18ª colocação no ranking das unidades federativas com painéis instalados. Quem vai na contramão desse atraso registra resultados positivos, como a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô/DF), que economiza R$ 25 mil por mês com energia elétrica, e a Universidade de Brasília (UnB), que deixa de gastar R$ 12 mil mensais devido aos equipamentos colocados nos câmpus da Asa Norte, de Ceilândia, Planaltina e do Gama.
Entre os impasses para o consumo de energia solar em Brasília está a falta de investimento em políticas públicas e o difícil acesso à linha de financiamento para pessoas físicas. Segundo a vice-presidente de Geração Distribuída da Absolar, Bárbara Rubim, o DF tem vantagens para estar entre os primeiros colocados no desenvolvimento da fonte solar. “Temos a questão da radiação, não chove tanto, além de ser uma área propícia para a construção de usinas”, afirma.
Em busca de adotar métodos sustentáveis, o aposentado Mário Ângelo Cherim, 62 anos, instalou um painel de captação de energia solar em casa. Morador de Vicente Pires, a residência, com área de 800 metros quadrados, é abastecida com a energia do Sol há um ano e meio. “O meu genro tem uma firma de energia solar. Às vezes, o ajudo na criação de projetos. Então, para saber como era, resolvi experimentar e não me arrependi”, conta. Segundo ele, a instalação do equipamento trouxe benefícios, tanto para a preservação do meio ambiente quanto para a economia. “A minha conta de luz vinha R$ 500. Hoje, eu pago só R$ 80. Além disso, é uma energia inesgotável, limpa e renovável.”
No Brasil, a situação melhora por causa de atitudes pessoais e empresariais. Entre 2016 e 2018, o aumento na capacidade de energia solar saltou de 0,1% para 1,4%, e cerca de 41 mil novas usinas foram instaladas, de acordo com o Caderno ODS 7 — O que mostra o retrato do Brasil?, publicado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Houve um crescimento grande nos investimentos em energia renovável nos últimos cinco anos. Em 2017, por exemplo, a soma da energia solar no país era de 0,7%, mas foi para 1,7% em março deste ano”, detalha José Mauro de Morais, pesquisador de energias renováveis do Ipea.
Custo
Entretanto, algumas barreiras podem tornar o processo lento para o consumo de energia renovável. “O primeiro ponto é a falta políticas públicas por parte do governo, o que afeta a vinda de investimentos para cá, além de prejudicar a cadeia produtiva, que é extremamente importante, pois gera empregos. Também temos a questão do acesso à linha de financiamento. Temos algumas adequadas para pessoas jurídicas. Mas as pessoas físicas carecem de uma oferta representativa para que não tenham juros tão altos”, explica Bárbara Rubim, da Absolar.
Apesar das dificuldades, a captação de energia solar tem efeitos em diversas áreas, pois preserva o meio ambiente e gera empregos. Segundo o pesquisador José Mauro, a meta é de que a emissão de gás carbônico, que provoca o efeito estufa e o aquecimento global, diminua 37% até 2025 com o uso da energia solar. “Para atingir esse objetivo, temos de manter os leilões de compra e venda de energia elétrica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, cada vez mais, trazem oportunidades de energia solar e facilitam as formas de financiamento”, destaca Bárbara.
De acordo com a Absolar, até 2022, R$ 21,3 bilhões serão investidos no setor solar fotovoltaico, referentes aos projetos contratados em leilões no mercado regulado de energia elétrica. O preço também tende a diminuir para a geração centralizada (governo). Em 2015, o valor médio em dólar de energia solar era de US$ 78,32. Em 2018, baixou para US$ 33,25.