Micro-redes têm o potencial de revolucionar o ecossistema da energia distribuída
As Micro-redes são sistemas de distribuição de eletricidade que têm recursos de energia próprios, podendo estar ligadas à rede principal de energia ou não. Podemos imaginar as nossas cidades com telhados cheios de painéis/ telhas solares e mini turbinas eólicas, ligados a baterias de armazenamento que carregam durante o dia e nos fornecem energia quando chegamos a casa. Este mini ecossistema de energia será uma Micro-rede, da qual também farão parte os veículos elétricos. Estes podem ser consumidores de energia quando carregam as suas baterias, ou podem ser fornecedores ao devolverem energia à rede, funcionando como baterias móveis. Toda esta gestão energética pode ser feita automaticamente por um sistema inteligente e fora da rede tradicional. Um estudo realizado pela EY mostra que a indústria da energia está num caminho de transformação sem precedentes, impulsionado pelos preços competitivos das fontes de energia renovável e das baterias de armazenamento. O ecossistema de energia distribuída irá criar novas tendências e oportunidades, representando em certos casos uma alternativa à produção, transporte, distribuição e comercialização tradicional de energia elétrica.
Algumas das tendências que aumentam a proposta de valor das Micro-redes são: – As renováveis vão exigir redes mais resilientes e flexíveis,- O armazenamento de energia através de baterias fará com que grandes investimentos na rede tradicional não sejam apelativos, – A capacidade móvel de armazenamento dos veículos elétricos irá promover, ainda mais, a geração própria e local, – O amadurecimento de tecnologias como Inteligência Artificial, Analytics e Blockchain facilitará a viabilidade técnica da implementação e gestão de sistemas de energia distribuída. A capacidade das Micro-redes em reunir estas tecnologias e melhorar a qualidade, confiabilidade e resiliência das redes de energia fará com que sejam um elemento de disrupção no sector ao mesmo tempo que promovem uma redução dos custos gerais. Tal facto permitirá uma redução de custos para o consumidor final enquanto reduz as emissões de CO2. Não será expectável que no curto prazo um grande número de consumidores se ‘desligue’ da rede tradicional, mas a possibilidade e vantagem económica de o fazer estarão ao virar da esquina. O papel da rede elétrica tradicional não mudará durante a noite, porém a disrupção do setor pela digitalização e descentralização já é uma realidade.